Um grupo de psicólogos dispôs-se a fazer uma experiência com macacos.
Colocaram cinco macacos dentro de uma jaula. No meio da jaula, uma mesa. Em cima da mesa, pendendo do tecto, um cacho de bananas.
Os macacos gostam de bananas. Viram a mesa. Perceberam que, subindo na mesa, alcançariam as bananas.
Um dos macacos subiu na mesa para apanhar uma banana. Mas os psicólogos estavam preparados para tal eventualidade: com uma mangueira deram-lhe um banho de água fria.
O macaco que estava sobre a mesa, ensopado, desistiu provisoriamente do seu projecto.
Passados alguns minutos, voltou o desejo de comer bananas. Outro macaco resolveu comer. Mas, ao subir na mesa, outro banho de água fria.
Depois do banho se repetir por 4 vezes ,os macacos concluíram que havia uma relação causal entre subir na mesa e o banho de água fria.
Como o medo da água fria era maior que o desejo de comer bananas, resolveram que o macaco que tentasse subir na mesa levaria uma surra. Quando o macaco subiu na mesa, antes do banho de água fria, os outros aplicaram-lhe a surra merecida.
Aí os psicólogos retiraram da jaula um macaco e colocaram no seu lugar um outro macaco que nada sabia dos banhos de água fria.
E ele comportou-se como qualquer macaco. Foi subir na mesa para comer as bananas.
Mas, antes que o fizesse, os outros quatro macacos aplicaram-lhe a surra prescrita.
Sem nada entender e passada a dor da surra, voltou a querer comer a banana e subiu na mesa.
Nova surra. Depois da quarta surra, ele concluiu: nesta jaula, macaco que sobe na mesa apanha. Adoptou, então, a sabedoria cristalizada pelos políticos humanos que diz: se você não pode derrotá-los, junte-se a eles.
Os psicólogos retiraram então um outro macaco e substituiram-no por outro. A mesma coisa aconteceu.
Os três macacos originais mais o último macaco, que nada sabia da origem da surra, aplicaram-lhe a surra da praxe. Este último macaco também aprendeu que, naquela jaula, quem subia na mesa apanhava.
E assim continuaram os psicólogos a substituir os macacos originais por macacos novos, até que só ficaram macacos que nada sabiam sobre o banho de água fria.
Mas não obstante isso, eles continuaram a surrar os macacos que subiam na mesa.
Se perguntássemos aos macacos a razão das surras, eles responderiam: é assim porque é assim. Nesta jaula, macaco que sobe na mesa apanha…Haviam se esquecido completamente das bananas e nada sabiam sobre os banhos. Só pensavam na mesa proibida.
Vamos brincar de “fazer de conta”. Imaginemos que a Administração Pública sejam as jaulas e que nós estejamos dentro delas…
O nosso desejo original é comer bananas. Mas já nos esquecemos delas. Há na AP uma infinidade de coisas e procedimentos cristalizados pela rotina, pela burocracia, pelas repetições…
À semelhança dos macacos aprendemos que é assim que é a AP. E nem fazemos perguntas sobre o sentido daquelas coisas e procedimentos para a servir o cidadão.
A questão é fazer as perguntas fundamentais: por que é assim? Para que serve isso? Poderia ser de outro modo?
Temo que, como os macacos, concentrados na mesa, acabemos por nos esquecer das bananas…